sexta-feira, 28 de março de 2008

Após a ressurreição...



De alguma forma após a Ressurreição, é pois importante que nos perguntemos se a nossa comunidade dita cristã está assim a caminho da verdadeira e primitiva comunidade…
A comunidade cristã é uma família de irmãos, reunida à volta de Cristo…
A comunidade cristã é assídua à catequese dos apóstolos…
A comunidade cristã celebra a sua fé…
A comunidade cristã vive a partilha...

Faz lembrar:

Alguém contava que um ano de muito frio intenso, muitos animais morreram, devido ao clima…
Foi então que uma grande manada de porcos-espinhos numa tentativa de se proteger e sobreviver, começou a unir-se, a juntar-se mais e mais. Assim, cada um podia sentir o calor do corpo do outro. E todos juntos, bem unidos, agasalhavam-se mutuamente, aqueciam-se, enfrentando por mais tempo aquele Inverno tenebroso.
Porém, vida ingrata, os espinhos de cada um começaram a ferir os companheiros mais próximos, justamente aqueles que forneciam mais calor, aquele calor vital, questão de vida ou morte. E afastaram-se, feridos, magoados, sofridos. Dispersaram-se, por não suportarem mais tempo os espinhos de seus semelhantes. Doíam muito... Mas essa não foi a melhor solução: afastados, logo começaram a morrer congelados.
Os que não morreram voltaram a aproximar-se pouco a pouco, com jeito, com precauções, de tal forma que, unidos, cada qual conservava uma certa distância do outro, mínima, mas o suficiente para conviver sem ferir, para sobreviver sem magoar, sem causar danos recíprocos.
Assim suportaram-se, resistindo aquele frio. E sobreviveram!

Perguntemos: Quantas vezes na comunidade não acontecem problemas fruto dos espinhos de cada um de nós…picamo-nos, ferimo-nos e em vez de juntarmos a comunidade, só afastamos... se calhar era bom que viesse sobre nós um Inverno mesmo frio porque enquanto não aprendermos “ a aproximarmo-nos pouco a pouco, com jeito, com precauções, de tal forma que, unidos, cada qual conservava uma certa distância do outro, mínima, mas o suficiente para conviver sem ferir, para sobreviver sem magoar, sem causar danos recíprocos,”
Enquanto assim não aprendermos a fazer comunidade será que poderemos afirmar que Cristo Ressuscitou???

sábado, 22 de março de 2008

Viver como Ressuscitados...


O Evangelho diz que o discípulo amado “ Viu e acreditou”…Apesar de vermos e de acreditarmos, continuamos sem perceber. Esta aparente contradição caracteriza o caminho cristão. Somos gradualmente inseridos no mistério da ressurreição pelos encontros com Jesus nas circunstâncias de cada dia, vendo a sua presença na bondade dos outros, na nossa oração e até nas nossas necessidades. Estes encontros pessoais com Jesus fortalecem a nossa fé no Senhor ressuscitado que não morreu em vão. Mas, ao mesmo tempo, ainda não percebemos o mistério. Isto não quer dizer que não acreditamos na ressurreição, significa que a Ressurreição é tão singular e inesperada que não pode ser entendida num único encontro. Por isso, tal como os discípulos, corremos a tornarmo-nos servos dos irmãos e a anunciar a Boa Nova de que o sofrimento e a morte não têm a última palavra na nossa vida…é esta a lição do Ressucitado…

Alguém contava que, em determinada terra havia um moço, aquele tipo de pessoa que tinha sempre alguma palavra positiva para qualquer situação…chamavam-no Toninho. Rapaz sempre bem-disposto. Quando alguém perguntava: -“ Como estás”? Ele respondia: “Melhor que isso só dois como eu”!
Ele era o gerente de uma cadeia de restaurantes, e todos os empregados seguiam os seus exemplos por causa das suas atitudes. Ele era naturalmente motivador. Se algum empregado estivesse mal, o Toninho rapidamente o ajudava a ver o lado positivo da situação.
Um dia, alguém lhe perguntou: - “O senhor não pode ser uma pessoa sempre bem-disposta... “Como é que consegue”? E ele respondeu: - Todas as manhãs, acordo e digo a mim mesmo: “Tó tens duas escolhas hoje, escolher estar bem-disposto ou escolher estar mal-disposto... É claro escolho estar bem-disposto. Em qualquer situação tenho sempre duas alternativas e eu escolho sempre a mais positiva…porque a vida é feita de escolhas….Escolhes estar feliz ou triste, calmo ou nervoso... Tu é que escolhes como queres viver a vida!
Algum tempo depois, o Toninho distraído, deixou a porta das traseiras do restaurante aberta e, sem dar conta entraram três assaltantes armados. Enquanto ele tentava abrir o cofre, ele tremia todo e enganou-se nos números da chave, os ladrões entraram em pânico, deram-lhe um tiro e fugiram. Por sorte, o Toninho foi encontrado relativamente rápido e foi levado no 112.
Depois de 18 horas de cirurgia, e algumas semanas de tratamento intensivo, deram-lhe alta no hospital, com alguns fragmentos de balas no seu corpo.
Depois do acidente alguém lhe perguntou: - “Como estás”? Ele respondeu: - “Melhor do que isso, só dois como eu! Queres ver as minhas cicatrizes”?
Enquanto eu olhava para as cicatrizes, perguntou o sentiu, quando os ladrões invadiram o restaurante, disse o Toninho: - “A primeira coisa que me veio a minha cabeça foi que devia ter fechado a porta das traseira... Depois de levar o tiro deitado no chão, lembrei-me que tinha duas escolhas, eu podia escolher lutar para viver ou podia escolher deixar-me morrer. Eu escolhi lutar para viver. Chegou o 112 eram bons. Sempre a dizerem que ia correr tudo bem. Mas, quando entrei na sala de emergência, eu vi o rosto dos médicos e enfermeiras, fiquei com medo. Em cada olhar, eu lia "és um homem morto". Eu sabia que tinha que fazer alguma coisa. Uma enfermeira grande e forte perguntou se eu era alérgico a alguma coisa... Sim, respondi. Os médicos e enfermeiras pararam imediatamente, á espera da minha resposta, respirei fundo e respondi: Sou alérgico às balas! Enquanto eles sorriam, eu disse: - Eu escolhi lutar para viver, operem-me como se estivesse vivo, não morto.
Graças à sua atitude o Toninho sobreviveu…a morte não teve a última palavra…

Jesus Cristo hoje deixa-nos também esta certeza…enquanto há vida há esperança…a morte não tem a última palavra…
Nós escolhemos viver como ressuscitados…para nós a morte não tem a última palavra…
Por isso se te perguntarem como estás…aprende a responder…melhor do que isso, só dois como eu.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Sexta Feira-Santa....

É uma típica tarde de sexta-feira e está a regressar a sua casa. Sintoniza o rádio. As notícias falam de coisas sem importância. Numa cidade pequena e distante morreram 3 pessoas de uma gripe até então, totalmente desconhecida. Não prestas atenção ao acontecimento.
Na segunda-feira quando acordas, escutas que já não são 3, mas 30.000, as pessoas mortas pela tal gripe, nas colinas remotas da Índia. Um grupo do Controle de Doenças dos EUA foram investigar o caso.
Na terça-feira, já é a noticia mais importante, está na primeira página de todos os jornais, porque já não é só na Índia, mas também no Paquistão, Irão e Afeganistão. Chamam a doença de "La Influenza Misteriosa" e todos perguntam: “Que faremos para controlá-la?” Então, uma notícia surpreende toda a gente. A Europa fecha as suas fronteiras…depois os EUA e o Japão. Mas um doente aparece num hospital da França. Começa o pânico... o vírus espalha-se por todo o mundo. As informações dizem que quando se contrai o vírus, em quatro dias de sofrimento, morre-se! O mundo todo assiste sem nada poder fazer… milhares de pessoas a morrer.... As igrejas começam a encher de fervorosos…multiplicam-se as orações a pedir a descoberta da cura, enquanto os cientistas continuam a trabalhar na descoberta de um antídoto, mas nada funciona.
De repente, vem a notícia esperada: Conseguiram decifrar o código de ADN do vírus. É possível fabricar o antídoto! É preciso, para isso, conseguir sangue de alguém que não tenha sido infectado pelo vírus. Corre por todo o mundo a notícia de que as pessoas devem ir aos hospitais fazer análise do seu sangue e doá-lo para a fabricação do antídoto.
Tu vais voluntário com a tua família…todos perguntam, o que acontecerá? Será este o fim do mundo? De repente o médico grita um nome... o teu filho mais novo está ao teu lado, agarra na tua camisa e diz-te: “Pai? Esse é o meu nome!” E antes que possa pensar, levam o teu filho e gritas: “Esperem!” E eles respondem: “Está tudo bem! O sangue dele está limpo, é sangue puro. Achamos que ele tem o sangue que precisamos para o antídoto.”
Depois de 5 longos minutos, saem os médicos a chorar e a rir ao mesmo tempo. O médico mais velho aproxima-se e diz: “Obrigado senhor! O sangue do seu filho é perfeito, está limpo e puro, o antídoto finalmente poderá ser fabricado. A notícia espalha-se por todos os lados. As pessoas rezam e riem de felicidade.
Entretanto o médico aproxima-se de ti, e da tua esposa e diz: “Podemos falar um minuto? Não sabíamos que o doador seria uma criança e precisamos que o senhor assine uma autorização para usarmos o sangue do seu filho.”
Começas a ler e percebes que não dizem qual a quantidade de sangue que vão usar e perguntas: “Qual a quantidade de sangue que vão usar?” O sorriso do médico desaparece e ele responde: “Não pensávamos que fosse uma criança. Não estamos preparados, precisamos de todo sangue do seu filho!”
Não podes acreditar no que ouves e começas a contestar: “Mas… mas...” – O médico insiste: “O senhor não compreende? Estamos a falar de uma cura para toda humanidade!!! Por favor, assine! Nós precisamos do sangue todo. Assine. Por favor, assine!”
Em silêncio, e sem sentires a caneta na tua mão, assinas.
Perguntam: “Quer ver o seu filho?” Caminhas na direcção da sala de emergência onde se encontra o teu filho amado, sentado na cama e diz: “Papá!? Mamã!? O que está a acontecer?” Seguras-lhe a mão e dizes: “Filho, tua mãe e eu amamos-te muito e jamais permitiríamos que te acontecesse algo que não fosse necessário, entendes?” O médico regressa e diz: “Sinto muito senhor, precisamos começar, o mundo inteiro está a morrer... pode sair?” Ao saíres, o teu filho pergunta: “Papá? Mamã? Porque me abandonam?”
E na semana seguinte, quando fazem uma cerimónia para honrar o teu filho, algumas pessoas ficam em casa a dormir, outras não vêm porque preferem fazer um passeio ou ir ao futebol, ou ver televisão e outras vêm com um sorriso falso, como se realmente nem se importem. Tens vontade de parar e gritar: “ O MEU FILHO MORREU POR VÓS!!! NÃO VOS IMPORTAIS COM ISSO? É ASSIM QUE AGRADECEIS?”
Pensa: Talvez isso é o que DEUS nos diz agora: “MEU FILHO MORREU POR VÓS!!! NÃO SABEIS O QUANTO VOS AMO?
Afinal com Deus nós fazemos o mesmo…

sexta-feira, 14 de março de 2008

Assim como Eu vos fiz...fazei...


Contemplar a cruz onde se manifesta o amor e a entrega de Jesus, traz um desafio; significa assumir a mesma atitude e solidarizar-se com aqueles que são crucificados neste mundo: os que sofrem violência, os que são explorados, os que são excluídos, os que são privados de direitos e de dignidade… Significa denunciar tudo o que gera ódio, divisão, medo, em termos de estruturas, valores, práticas, ideologias. Significa evitar que os homens continuem a crucificar outros homens. Significa aprender com Jesus a entregar a vida por amor… Viver assim pode conduzir à morte; mas o cristão sabe que amar como Jesus é viver a partir de um dinâmica que a morte não pode vencer: o amor gera vida nova e introduz na nossa carne os dinamismos da ressurreição.
O exemplo de Jesus propõe que façamos aos outros o que Ele fez por nós…

Alguém contava que um dia, um rapaz pobre, vendia jornais de porta em porta para pagar os estudos, tinha fome mas só tinha uma moeda das pretas. Decidiu pedir comida na próxima casa. Porém, nervoso quando uma mulher linda jovem lhe abriu a porta. Em vez de comida, pediu um copo de água. Ela pensou que o jovem parecia faminto e assim deu-lhe um grande copo de leite. Ele bebeu devagar e depois lhe perguntou?-Quanto lhe devo? - Não me deves nada - respondeu ela. E continuou: - A Minha mãe sempre nos ensinou que nunca devemos aceitar pagamento por fazermos caridade. Ele disse: - Pois agradeço de todo coração.
Quando Pedro saiu daquela casa, sentia-se mais forte fisicamente, mas também a fé em Deus e nos homens ficou mais forte.
Anos depois, essa jovem mulher ficou gravemente doente. Os médicos locais estavam confusos. Finalmente a enviaram à cidade grande, onde chamaram um especialista para estudar a sua rara doença.
Chamaram o Dr. Pedro… Quando ele ouviu o nome do povo de onde ela viera, uma estranha luz encheu os seus olhos. Imediatamente, vestido com a sua bata de doutor, foi ver a paciente. Reconheceu imediatamente aquela mulher. Determinou-se a fazer o melhor para salvar aquela vida. Passou a dedicar atenção especial aquela paciente. Depois de uma demorada luta pela vida da doente, ganhou a batalha. O Dr. Pedro pediu a administração do hospital que lhe enviasse a factura total dos gastos para a aprovar. Ele conferiu e depois escreveu algo e mandou entregar no quarto da paciente. Ela tinha medo de abrir, porque sabia que levaria o resto da vida para pagar todos os gastos. Mas finalmente abriu a factura e algo lhe chamou a atenção, pois estava escrito o seguinte:
"Totalmente pago há muitos anos com um copo de leite. "

Valia a pena pensar nisto…

quarta-feira, 12 de março de 2008

Padres, chouriças e chips...




Dei comigo a pensar numa questão que cada vez mais se vai abordando, na conversa, mas na prática as coisas andam meio estagnadas…
Acho que descobri entre, outras razões, uma que justifica a crise de vocações…é que alguém dizia: “ Os Santos estão a acabar devido a não se poderem reproduzir”…ora aqui está…só que as vocações não acabam, mas vão diminuindo…
Quando penso no papel do padre hoje fico muito confuso…No seminário querem ensinar-nos a viver em comunidades, mas a primeira que não funciona é essa mesmo…acho que a ideia é quase como fazer uma chouriça…metemos carne e gordura lá para dentro e sai chouriça…no seminário querem fazer o mesmo…metemos lá vários jovens e saem padres logo em equipas…isto não está bem…até já há alguns que dizem por aí que não querem fazer mais equipas com ninguém, mas que depois vêm a público dizer que esse é o caminho…afinal não sou o único a andar confundido…
Depois a vida é um corre-corre…que o diga o C4 com 2000 de cilindrada e 180 cavalos…e quando tem de parar para dar de comer a tanto cavalo??? Pois é….a vida do mar é dura!!! E a de calceteiro marítimo…e quando deixa cair o martelo???
Acho que a solução passa por enviar os padres todos de volta ao seminário…arrancar-lhes o coração e no lugar colocar-lhes um chip…(sim porque parece que já funciona com alguns)…e assim a coisa fica resolvida…quando o chip gripar…é só mudar…
Mas eu chouriça só ás rodelas e com pouca gordura se faz favor…mas não posso aceitar ser o chip gripado…porque não sou computador…
E quando deixa cair o martelo????

sexta-feira, 7 de março de 2008

A caminho da verdadeira vida...


Diante da certeza que a fé nos dá, somos convidados a viver a vida sem medo. O medo da morte como aniquilamento total torna o homem cauteloso e impotente face à opressão e ao poder dos opressores; mas libertando-nos do medo da morte, Jesus torna-nos livres e capacita-nos para gastar a vida ao serviço dos irmãos, lutando generosamente contra tudo aquilo que oprime e que rouba ao homem a vida plena.
Jesus mostra-nos que quando a vida é vivida como dom, como serviço aos outros, a morte não é o fim mas o principio da vida verdadeira em Deus…por isso é que perante a morte devemos ter a coragem de olhar para a vida…e assumir que esta vida é já o incio da verdadeira vida…

Alguém contava que um homem muito rico tinha morrido e foi recebido no céu. São Pedro levou-o por várias avenidas e foi-lhe mostrando as casas e moradias. Passaram por uma linda casa com belos jardins. O homem perguntou:
- Quem mora ai?
São Pedro respondeu:
- É o Alfredo, o teu motorista que morreu no ano passado.
O homem ficou a pensar:
-Puxa! O Alfredo tem um casarão destes! Aqui deve ser tudo muito bom!
Logo a seguir aparece outra casa ainda mais bonita.
- E quem mora aqui?
Perguntou o homem. São Pedro respondeu:
- Aqui é a casa da Maria, aquela que foi tua cozinheira.
O homem ficou a imaginar que, se os seus empregados casas magníficas, a sua deveria ser no mínimo um palácio. Estava ansioso por vê-la. Nisto São Pedro parou diante de um barraco construído com tábuas e disse:
- Esta é a sua casa!
O homem ficou indignado.
- Como é possível! Vós sabeis construir coisa muito melhor.
– Sabemos - respondeu São Pedro - mas nós construímos apenas a casa. O material sois vós mesmos que escolheis e nos enviais lá de baixo. Tu só enviaste o material que deu para construir este barraco!
Moral da história: A vida aqui é o início da vida em Deus…Cada gesto de amor e partilha é um tijolo com o qual construímos a eternidade. Tudo se decide por aqui mesmo, nas escolhas e atitudes de cada dia.
Por isso é tão importante olharmos a nossa vida…a morte faz ver a vida…
Não devemos dizer a Deus que temos grandes problemas, mas dizer aos problemas que temos um grande Deus.