quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Vou estar á espera...atento...


Neste tempo de preparação para a celebração do nascimento de Jesus, sou convidado a recentrar a minha vida no essencial, a redescobrir aquilo que é importante, a estar atento às oportunidades que o Senhor, dia a dia, me oferece, a acordar para os compromissos que assumi para com Deus e para com os irmãos, a empenhar-me na construção do “Reino”… É essa a melhor forma – ou melhor, a única forma – de preparar a vinda do Senhor…


Alguém contava que, num bairro pobre de uma cidade, morava uma menina muito bonita. Ela andava na escola. A mãe não tinha muito cuidado e a menina quase sempre andava suja. As roupas eram velhas e meio rotas.
O professor sensibilizado dizia: - "Como é que uma menina tão bonita, pode vir para a escola assim?"
Com algum dinheiro do seu salário comprou-lhe um vestido novo. Ela ficou linda no vestido azul.
Quando a mãe viu a filha naquele lindo vestido azul, sentiu que a sua filha, vestindo com vestido novo, não deveria ir para a escola suja. Por isso, passou a dar-lhe banho todos os dias, a pentear-lhe os cabelos, a cortar as unhas.
Passado uma semana, o pai disse: "Mulher, não achas que é uma vergonha que nossa filha, sendo tão bonita e tão asseada, viva numa casa como esta a cair aos bocados? Tu vais limpar a casa por dentro e eu nas horas vagas, eu vou pintar as paredes, por dentro e por fora, arranjar a cerca e plantar um jardim."
Passado algum tempo, aquela casa destacava-se naquele bairro, pelas lindas flores que enchiam o jardim, e o cuidado em todos os pormenores.
Os vizinhos ficaram envergonhados por viverem em barracas feias e resolveram também dar uma volta nas casas, plantar flores...
Em pouco tempo, o bairro estava todo transformado. Um homem, que acompanhava os esforços e as lutas daquela gente, pensou que eles bem mereciam uma ajuda das autoridades. Foi ao presidente da Junta expor suas idéias e saiu de lá com autorização para formar uma comissão para estudar os melhoramentos que seriam necessários no bairro.
A rua de barro e lama foi substituída por asfalto e calçadas de pedra. Os esgotos a céu aberto foram canalizados e o bairro ganhou ares de cidadania.
E tudo começou com um vestido azul.
Não era intenção daquele professor arranjar a rua toda, nem criar um organismo que socorresse o bairro. Ele fez o que podia, deu a sua parte. Deu o primeiro passo que acabou por fazer com que as outras pessoas se motivassem a lutar por melhorias.
Neste tempo que estamos a iniciar somos convidados a preparar a nossa “casa” para melhor recebermos Jesus…é importante que eu me pergunte o que tenho de fazer para estar melhor preparado???
Afinal tudo pode começar num gesto bem pequeno… um lindo vestido azul…uma simples oportunidade em que posso ajudar alguém…o importante é que eu esteja atento à minha volta…o importante é que eu diga a mim próprio: “ Vou estar atento e vou fazer a minha parte”…
Faz a tua parte…

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Este Rei...



Diante deste Rei, somos convidados a repensar nas nossas glórias e superioridades…naquilo que fazemos ao rebaixar o outro…quando nos julgamos superiores devíamos ter a coragem de contemplar este Rei…

Faz lembrar aquilo que alguém contava:
Quando eu era menino, ganhei uma medalha na escola porque sabia ler melhor que os outros. Senti-me feliz e orgulhoso. Quando as aulas terminaram cheguei a casa e entrei na cozinha como um furacão.
A empregada velha, que estava connosco há muitos anos, estava de volta do fogão. Fui direito a ela e disse-lhe:
- Aposto que sei ler melhor do que tu.
E mostrei-lhe o meu livro. Ela interrompeu o trabalho e pegou no livro.
Foi passando as páginas, e a gaguejar disse: - Bem, meu filho...eu...eu não sei ler.
Fiquei calado. Sabia que papa estava no escritório àquela hora e corri para lá. Ele ergueu a cabeça quando eu entrei, a suar, com o rosto corado e disse-lhe: - Papa, a Maria não sabe ler. E é uma velha. Eu, que ainda sou pequeno, ganhei até uma medalha. Olha vê! E mostrei a medalha que eu tinha ao peito e disse:
- Deve ser horrível não saber ler, não é, pai?
Com t tranquilidade, meu pai levantou-se, foi até á estante e trouxe um livro.
- Filho, lê aqui para eu ver. Foi muito bom teres ganho a medalha. Lê para eu ouvir.
Abri o livro e olhei para o meu pai cheio de surpresa. As páginas continham o que pareciam ser centenas de pequenos rabiscos.
- Não posso, papa. Eu não entendo nada disto que está aqui.
- É um livro escrito em chinês, meu filho...
Meu pai não disse nada, mas eu pensei naquilo que fiz á velha Maria.
Até hoje, sempre que sinto vontade de gabar-me por qualquer coisa que tenha feito, lembro-me do quanto ainda me falta aprender e digo de mim para comigo:
- Não te esqueças que não sabes ler chinês!

Hoje somos convidados a pensar no nosso dia-a-dia, e sempre que nos julgamos os maiores…os melhores…devíamos ter a coragem de olhar para este Rei…ou pelo menos a coragem de dizer. “ Não te esqueças que não sabes ler chinês”.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

POR CRISTO, COM CRISTO E EM CRISTO???...


Depois da dita visita ao sucessor de Pedro, depois de muito se dizer que os bispos portugueses levaram um puxão de orelhas, começa a correr muita tinta por aqui e por ali…e muitas serão as vozes que se hão-de ouvir a apontar o dedo, a definir as causas, a trazer ao de cima as culpas, a opinar sobre isto e sobre aquilo…a primeira pergunta que me vai surgindo é uma só: “ Será que tudo o que se diz e dirá, é no intuito de ajudar a melhorar, a transformar ou apenas a deitar abaixo aquilo que parece estar a cair?”
É verdade que é fácil olhar à volta e ver coisas que estão mal, realidades que simplesmente não são realidades e são apenas utopias…é fácil olhar á volta e ver que há uma quebra na vida da Igreja e na vida em Igreja…e claro é muito mais fácil dizer que tudo isto vem de cima. Virá???
Tudo isto pode levar a muitas questões, e também é evidente que se podem arranjar as mais diversas razões ou desculpas, ou até dizer-se que o que se tem feito é pouco ou que foi mal feito. No entanto se olharmos a história vamos descobrir muitas ondas, provavelmente até muitos “tsunamis”, aliás nestes dois mil e tantos anos de história as provas estão registadas.
Tudo isto me parece, um pouco, como as nossas relações, aliás basta pensar, por exemplo no amor de dois jovens…enamorados, apaixonados, um dia resolveram casar porque o seu amor era muito, era tudo; depois do casamento, passados alguns anos, ás vezes parece que o amor esmoreceu, e aquilo que era tudo deixou de ser, para muitos a fidelidade deixou até de ter muito sentido, parece que esmoreceu tudo e o amor foi murchando. Depois ou vem ao de cima o verdadeiro amor ou até o terminar de tudo. Parece que este amor já nasceu com prazo, e é mais fácil desistir do que procurar as verdadeiras razões que o levaram a esmorecer…
Na Igreja, penso que estamos a passar por este esmorecimento, e vamos deixando andar…porquê?
Se olho e vou descobrindo que é preciso remar ainda que seja contra a corrente, é preciso descobrir no fundo o que me leva a esmorecer também…porque é que me deixo ir pelo mais fácil? Ah, porque até São Paulo dizia: “Vejo o bem que quero e faço o mal que não quero”…boa desculpa…olho e descubro que não posso caminhar sozinho…ahhh mas os outros são “assim”, são “assado”…e eu? Serei a perfeição em pessoa?
Poderíamos arranjar um elenco de razões que justificassem tudo isto: o folclore…o show off…a superficialidade…a falta de caridade…a falta de formação…a…a…a…
A mim tudo isto já me fez pensar…é urgente que eu queira caminhar com os outros no mesmo sentido…e custa muito assumir, mas ás vezes o que faço não é bem pela única razão que o devia fazer…Por Cristo, com Cristo e em Cristo…

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Não tenhais medo...vamos caminhar juntos...


Nessa caminhada, os crentes sabem que não estão sós, mas que Deus vai com eles… É essa presença constante e amorosa de Deus que lhes permitirá enfrentar as forças da morte, apostadas em evitar que o mundo novo apareça; é essa força de Deus que permitirá aos discípulos de Jesus vencer o desânimo, a adversidade, o medo.
Deus caminha connosco…apesar de olharmos à volta e vermos tanta coisa mal…somos convidados a ter a certeza de que Deus não nos abandona…a questão que devemos colocar é se nós estamos convictos de que precisamos de caminhar juntos…porque juntos com Deus, enfrentamos todas as dificuldades, temos mais esperança e sem dúvida, fazemos melhor o caminho…


Depois da visita ad limina e de tudo o que se vai dizendo era muito bom pensarmos:

Alguém contava que um pároco andava preocupado pelo esvaziamento que via na igreja. Domingo após domingo, eram cada vez menos as pessoas que participavam na Eucaristia.
Tentou fazer com que as coisas voltassem ao que eram antes, foi ter com os fiéis questionando-os acerca da sua ausência. A resposta era sempre a mesma: "Sabe, Sr. Padre. Eu tenho a minha fé. Posso vivê-la aqui em casa, na tranquilidade do meu lar e não preciso de intermediários para falar com o meu Deus."
Um dia, cansado de ouvir sempre a mesma justificação, convocou os seus paroquianos para uma reunião no salão. Apesar da noite gelada, por respeito ao seu pároco, apareceram todos. Quando estavam finalmente reunidos, o pároco, sem uma palavra, dirigiu-se à lareira que aquecia a sala, pegou num pedaço de madeira que ardia e colocou-a no centro da sala isolando-a das outras. Passados poucos minutos esse pedaço de madeira deixou de arder. O pároco, sem uma palavra, olhou para os seus paroquianos e saiu. Estava tudo dito!

É urgente que eu tenha a coragem de deixar o meu sofá e me faça ao caminho…É importante que eu tenha a certeza de que não posso caminhar sozinho…preciso de caminhar com os outros e com Deus…

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

à eternidade começa aqui...


A certeza da ressurreição não deve ser, apenas, uma realidade que esperamos; mas deve ser uma realidade que influencia, desde já, a nossa existência terrena. É o horizonte da ressurreição que deve influenciar as nossas opções, os nossos valores, as nossas atitudes; é a certeza da ressurreição que nos dá a coragem de enfrentar as forças da morte que dominam o mundo, para que o novo céu e a nova terra que nos esperam comecem a desenhar-se desde já.


E se não houver Céu...

Duas religiosas, já velhinhas, com cinquenta anos de Vida Religiosa, conversavam com uma jovem, no pátio do colégio. E, quando a jovem, admirada com a generosidade de uma vida inteira dedicada ao serviço dos outros, perguntou: ‘Irmãs... cinquenta anos vivendo em função dos outros... e se, depois de tudo isso, vocês morrerem e não existir Céu? ‘
E uma Religiosa, tranquila, respondeu: ‘Minha filha, se não houver Céu, eu perdi cinquenta anos da minha vida... mas, se houver Céu, eu ganhei a eternidade! ‘
Entretanto, a outra Religiosa interveio e disse: ‘Olhe, filha: se houver Céu, eu serei feliz eternamente e, se não houver Céu, eu fui feliz durante cinquenta anos da minha vida’!


A eternidade começa aqui…

domingo, 4 de novembro de 2007

O olhar que julga....



Em primeiro lugar reparemos no olhar da multidão,. Jesus tinha curado um mendigo cego; ao ver isso, a multidão celebrou os louvores de Deus. Ao ver o maravilhoso, a multidão maravilhou-se. E depois, tudo muda de repente. Após a atitude de Jesus para com Zaqueu, a multidão olha Jesus com hostilidade. Versatilidade das multidões, sem dúvida. Mas também versatilidade dos nossos próprios olhares. Basta uma coisita de nada para que o meu olhar sobre aquele que estimava mude, quando percebo que ele não era “bem” aquilo que eu pensava!
Em segundo lugar, reparemos no olhar de Zaqueu. Mais do que um olhar de simples curiosidade, é um olhar de desejo. Ele tinha ouvido dizer que este Jesus não falava como os escribas e os fariseus. Além disso, Ele fazia milagres. Não viria Ele da parte de Deus? Então, ele quer ver este rabino que não é como os outros. Mas a sua procura continua tímida. Não ousa avançar demasiado. E eu? Qual é o meu desejo de ver Jesus, de O conhecer? Não sou demasiado tímido quando se trata da minha ligação com Jesus e da minha fé?
Finalmente, há o olhar de Jesus, que ergueu os olhos para Zaqueu. Que viu Ele? Um pecador à margem da Lei, banido por todos? Não, Jesus viu um homem rejeitado por todos, um homem habitado por um desejo, talvez não muito explícito, de ser acolhido por Ele próprio. Viu um homem que não tinha ainda compreendido que Deus o amava, apesar dos seus pecados, que Deus o olhava unicamente à luz do seu amor primeiro e gratuito. Então, Jesus colocou no seu olhar sobre Zaqueu todo este amor que transformou o publicano. E que o salvou!
O desafio hoje para nós é repararmos no nosso olhar. Como olhamos os outros? Ás vezes os nossos olhos não são simplesmente para julgar os outros? Como olhamos uns para os outros?


Não julgues para não seres julgado...

Alguém contava que numa cidade, um padeiro foi à polícia dar queixas do vendedor de queijos
O padeiro dizia: “ Venho aqui denunciar o vendedor de queijos. Ele rouba em cada queijo duzentas gramas. Pois diz que o queijo tem um quilo e só tem 800 gramas.”
O polícia foi ter com o vendedor de queijos e ao pesar um queijo constatou que o padeiro tenha razão. Pegou no queijo de 1 quilo e constatou que só pesava 800 gramas e mandou então prender o vendedor de queijos sob a acusação de estar a roubar os clientes.
O vendedor de queijos ao ser notificado da acusação, confessou ao polícia: “ Sabe senhor policia eu não tenho pesos cá em casa e por isso, todos os dias compro dois pães de meio quilo cada, coloco os pães num prato da balança e o queijo no outro e quando o fiel da balança se equilibra então eu sei que tenha um quilo de queijo.
O polícia para tirar a prova dos nove mandou comprar dois pães na padaria do acusador e pode constatar que os dois pães de meio quilo equivaliam a um quilo de queijo.
No fim de tudo aquilo o polícia concluiu que o ladrão era o padeiro que acusava o vendedor de queijos.

Nós somos um pouco assim e muitas vezes acusamos os outros dos nossos próprios vícios.
Quantas vezes os nossos olhares denunciam o mal que não queremos ver em nós e que só vemos nos outros.