sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

«Nós também somos cegos?» Jo.9,40-41


Ás vezes somos cegos que não querem ver…que não nos abrimos à luz…a Cristo…
A história do cego é a história de todos os cristãos: caminhamos na fé às apalpadelas…não queremos enfrentar a escuridão da vida…queremos facilitismos…queremos fugir da cruz…e não acolhemos Jesus que vem ao nosso encontro…que vem para nos levar para a luz…que vem para ser a nossa luz…não podemos querer viver na luz, só por ser mais fácil e melhor…queremos é receber a luz que ilumine a escuridão.


Alguém contava que numa noite, um homem ia na rua e encontra um bêbado de gatas junto a um candeeiro. Curioso, o homem aproximou-se do bêbado e perguntou:
-“ O senhor está bem? Precisa de alguma coisa?”
O homem, surpreso, disse com uma voz arrastada:
- “Preciso das chaves do carro! Não as encontro”
O homem, desejoso de ajudar, disse:
- “Onde as perdeu?”
- “Por ali!” Explicou o bêbado indicando o beco escuro, a poucos metros á frente. Confuso, o homem perguntou então:
- “E porque está a procurar aqui?”
E o bêbado respondeu:
- “Ora, porque aqui há mais luz vê-se melhor...!”

Ás vezes, nós também, procuramos apenas a facilidade…fugimos do escuro…
Nesta Quaresma, queiramos estar dispostos a acolher Jesus que vem ao nosso encontro e nos ajuda a ver, para enfrentarmos com coragem a escuridão da nossa vida, e por isso é importante dizer:
“ EU CREIO SENHOR…E QUERO CAMINHAR COMO FILHO DA LUZ…”

sábado, 23 de fevereiro de 2008

João 4,15-16


Reparemos no pormenor do “cântaro” abandonado pela samaritana, depois de se encontrar com Jesus… O “cântaro” representa tudo aquilo que nos dá acesso a essas propostas limitadas, falíveis, incompletas de felicidade. O abandono do “cântaro” significa o romper com todos os esquemas de procura de felicidade egoísta, para abraçar a verdadeira e única proposta de vida plena. Eu estou disposto a abandonar o caminho da felicidade egoísta, parcial, incompleta, e a abrir o meu coração ao Espírito que Jesus me oferece e que me exige uma vida nova?
A samaritana, depois de encontrar o “salvador do mundo” que traz a água que mata a sede de felicidade, não se fechou em casa a gozar a sua descoberta; mas partiu para a cidade, a propor aos seus concidadãos a verdade que tinha encontrado. Eu sou, como ela, uma testemunha viva, coerente, entusiasmada dessa vida nova que encontrei em Jesus?

Alguém contava que um homem estava perdido no deserto, prestes a morrer de sede. Chegou a uma cabana velha, em ruinas, sem janelas, sem teto. Andou por ali e encontrou uma pequena sombra onde se acomodou, fugindo do calor do sol desértico. Olhando ao redor, viu uma velha bomba de água, toda enferrujada. Conseguiu arrastar-se até á bomba, agarrou a manivela e começou a bombear, a bombear, a bombear sem parar. Nada aconteceu. Desapontado, caiu prostrado, para trás. E notou que ao seu lado havia uma velha garrafa. Olhou-a, limpou-a, removendo a sujeira e o pó, e leu um recado que dizia:
"Meu Amigo, primeiro, é preciso preparar a bomba deitando-lhe toda água desta garrafa. Depois faça o favor de encher a garrafa outra vez antes de partir, para o próximo viajante.
" O homem arrancou a rolha da garrafa e, de fato, lá estava a água. A garrafa estava quase cheia de água! De repente, ele viu-se num dilema. Se bebesse aquela água, poderia sobreviver. Mas se despejasse toda a água na velha bomba enferrujada, e ela não funcionasse morreria de sede.
Que fazer despejar a água na bomba enferrujada e esperar vir a ter água fresca, fria, ou beber a água da velha garrafa e desprezar a mensagem. Com receio, o homem despejou toda a água na bomba. Depois, agarrou a manivela e começou a bombear... e a bomba e pôs-se a ranger e chiar sem fim. E nada aconteceu!
E a bomba rangia e chiava.
Então, surgiu um fiozinho de água, depois, um pequeno fluxo e finalmente, a água com abundância ! Para alívio do homem a bomba velha fez jorrar água fresca, cristalina.
Ele encheu a garrafa e bebeu dela ansiosamente.
Encheu-a outra vez e tornou a beber seu conteúdo refrescante.
Em seguida, voltou a encher a garrafa para o próximo viajante.
Encheu-a até o gargalo, arrolhou-a e acrescentou uma pequena nota:
"Acredite, funciona. É preciso dar toda a água antes de poder obtê-la de volta.”
É a lição da Samaritana…primeiro é preciso ter a coragem de deixar o cântaro para ter água que mata a sede…
Já agora era bom que perguntássemos no nosso íntimo: “ O que me falta para despejar esta garrafa de água que guardo, se estou prestes a conseguir a água fresca em abundância de uma fonte nova?

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Levantai-vos...não temais...

A vida é combate. O primeiro acto do ser humano no seu nascimento é um grito. Ele deverá lutar para viver. Muitos doentes sabem que devem lutar contra o mal, o sofrimento, o desencorajamento. Desistir de lutar é sintoma de uma doença que se chama depressão. Alguém dizia: “ Se lutarmos podemos perder, mas se não lutarmos perdemos sempre”…Podemos lutar para nos curarmos fisicamente. Podemos lutar para nos mantermos de pé na provação. A vida espiritual também é um combate. O Senhor é Alguém que se deixa procurar. Segui-l’O supõe, escolhas radicais. Nesta semana, aceitemos conduzir um combate. Não para ser os melhores, nem para esmagar os outros, mas para viver e fazer viver. A vitória neste combate é-nos anunciada neste domingo, em que nos juntamos ao Senhor transfigurado. Mas Ele diz-nos que, antes de ressuscitar, deve passar pelo combate da Paixão. A ressurreição é a vitória do combate pela vida.
A aventura da fé… “deixa a tua terra…”; “sofre comigo pelo Evangelho…”; “levou-os, em particular, a um alto monte…” A aventura da fé não nos deixa qualquer repouso até ao dia em que toda a Criação se prostrará diante do Filho Bem-Amado.



Alguém contava que um homem tinha quatro filhos. Ele queria que seus filhos aprendessem a não julgar as coisas de modo apressado, por isso, mandou cada um ir ver uma vinha, que estava plantada em um distante local.
O primeiro filho foi lá no Inverno, o segundo na Primavera, o terceiro no Verão, e o quarto e mais jovem, no Outono.
Depois de todos terem regressado, ele reuniu-os, e pediu que cada um descrevesse o que tinha visto.
O primeiro filho disse que a vinha era feia, videiras tortas e retorcidas.
O segundo filho disse que não, as videiras estavam recobertas de botões verdes, e cheias de promessas.
O terceiro filho discordou; disse que as videiras estavam lindas, como que já se sentia um cheiro doce.
O último filho discordou de todos eles; ele disse que as videiras estavam carregadas e arqueadas, cheias de cachos, vida e promessas...
O homem então explicou aos seus filhos que todos eles estavam certos, porque cada um tinha visto apenas uma estação da vida da vinha...
As plantas e as pessoas não se podem julgar só por uma estação.
Se desistir quando for Inverno, perderá a promessa da Primavera, a beleza de seu Verão, a expectativa do Outono.
Não permita que a dor de uma estação destrua a alegria de todas as outras. Não julgue a vida apenas por uma estação difícil.
Persevere através dos caminhos difíceis…
«Levantai- vos e não temais».

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Rasgai o vosso coração


Entrar num novo tempo litúrgico é motivo de alegria. E nós precisamos de sentir o que diz São Paulo: “ Este é o tempo favorável”…então entremos neste tempo favorável com alegria, e na alegria de melhor nos prepararmos, de melhor caminharmos para a Páscoa.
Dois pensamentos para esta caminhada: Conversão e esmola..
1) “ Convertei-vos a Mim de todo o coração…rasgai o vosso coração e não os vossos vestidos”… Se nós, os cristãos, não acolhemos estes apelos, quem os há-de ouvir?
Os tempos que vivemos são difíceis…em todos os aspectos e também no aspecto da fé…se chove já não pode haver Carnaval…até se pensa em mudar a data do Carnaval para o verão…e esquecemos que o Carnaval marca um tempo e é consequência da Páscoa, mas não podemos ficar só no Carnaval…e Deus onde é que fica?
Converter é mudar de atitude…é ser diferente…
Neste tempo são-nos propostos como caminho: alguns compromissos, que nos ajudam, de modo muito concreto, a crescer no amor, em ordem, à renovação interior da nossa vida: tais como a oração, o jejum e a esmola.


Alguém contava que um mestre entrara numa cidade acompanhado por um discípulo para ensinar. Encontrou logo uma pessoa que o conhecia e era adepto dos seus ensinamentos que lhe disse:
- "Mestre, não há nada excepto estupidez nesta cidade. Os habitantes são tão terríveis! Ninguém quer aprender nada. Tu não irás converter nenhum desses corações de pedra."
O mestre respondeu bondosamente:
- "Tu tens razão."
Logo depois, outro membro da comunidade abordou o mestre. Cheio de alegria, ele disse:
- "Mestre, tu estás numa cidade abençoada. O povo anseia receber o verdadeiro ensinamento, e as pessoas abrem seus corações à tua palavra."
O Mestre sorriu bondosamente e novamente disse:
- "Tu tens razão."
- "Ó mestre", disse o discípulo, "tu disseste ao primeiro homem que ele tinha razão, e ao segundo homem, que afirmou o contrário, tu disseste que ele também tinha razão. Pois negro não pode ser branco."
O Mestre respondeu:
- "Cada um vê o mundo do jeito que espera que seja. Por que deveria eu refutar os dois homens? Um deles vê o mal, o outro, o bem. Tu dirias que um deles vê falsamente? Não são as pessoas aqui e em toda parte boas e más ao mesmo tempo? Nenhum dos dois disse algo equivocado, disseram apenas algo incompleto."


Poderíamos perguntar: Como verá o nosso coração este tempo de conversão?
Precisamos de sentir esta certeza...só farei realmente tempo de quaresma se procurar converter-me a partir do meu coração.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Deus escolheu o que é louco...


Uma percentagem significativa dos homens do nosso tempo está convencida de que o segredo da realização plena do homem está em factores humanos (preparação intelectual, êxito profissional, reconhecimento social, bem-estar económico, poder político, etc.); mas Paulo avisa que apostar tudo nesses elementos é jogar no “cavalo errado”: o homem só encontra a realização plena, quando descobre Cristo crucificado e aprende com Ele o amor total e o dom da vida. Para mim, qual destas duas propostas faz mais sentido?

“Mas Deus escolheu o que é louco aos olhos do mundo para confundir os sábios; escolheu o que é vil e desprezível, o que nada vale aos olhos do mundo, para reduzir a nada aquilo que vale, a fim de que nenhuma criatura se possa gloriar diante de Deus.”

Alguém contava que numa pequena cidade um grupo de pessoas se divertia com o idiota da aldeia...Um pobre coitado de pouca inteligência, que vivia de pequenos biscates e esmolas. Diariamente eles chamavam o tolo ao bar onde se reuniam e ofereciam-lhe a escolha entre duas notas - uma grande de 100 euros e outra menor, de 5 euros. Ele sempre escolhia a de 5 euros, o que era motivo de risos para todos.
Certo dia, um dos membros do grupo chamou-o e perguntou-lhe se ainda não havia percebido que a outra nota era mais valiosa.
"Eu sei" - respondeu o não tão tolo assim - "eu sei que ela vale muito mais, mas no dia que eu a escolher, a brincadeira acaba e não vou ganhar mais 5 euros assim tão facilmente ".

Podemos tirar várias conclusões, mas a conclusão mais interessante, a meu ver, é a percepção de que podemos estar bem mesmo quando os outros não têm uma boa opinião a nosso respeito. Portanto, o que importa não é o que pensam de nós, mas o que realmente somos.


Na verdade o discurso de Jesus pode parecer-nos contraditório, até louco…como pode ser feliz, o pobre, o que chora, o que é perseguido…por isso mesmo quando tivermos de passar por loucos perante os outros, precisamos de sentir esta certeza…
Deus escolheu o que é louco para confundir os sábios…já agora valia a pena pensarmos bem nisto…