sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Nova vida novo desafio…

Pois é…sem querer por vontade própria e ainda sem ter certeza de quem quis…encontro-me do outro lado de uma serra que poderia ter outro nome qualquer, mas pelo seu brilho, por tudo o que ela é deram-lhe o nome de Estrela.
Não sei se foi castigo, não fiz pecado grave, se foi necessidade, se foi apenas uma ideia caída do céu, como qualquer gota de chuva que logo desaparece, a verdade é que fui enviado para outro lado…o lado de cá, para os de cá ou o lado de lá para os de lá…e cá estou eu…o senhor Bispo tinha dito que era um problema grave…mas deve ter-se equivocado porque se ele achava que era tão grave já poderia ter pelo menos perguntado como decorreram as coisas na tomada de posse…ou mostrando algum apreço por este simples padre, que já vi que ele não tem, mas aguento porque o sentimento é recíproco…
Queria apenas partilhar as poucas palavras que usei para com os novos companheiros de caminho…não são minhas, mas quase as conheço de cor…


“Janeiro 12
«O que eu quero principalmente é que vivam felizes».
Não lhes disse talvez estas palavras, mas foi isto o que eu quis dizer. No sumário, pus assim: «Conversa amena com os rapazes». E pedi, mais que tudo, uma coisa que eu costumo pedir aos meus alunos: lealdade. Lealdade para comigo, e lealdade de cada um para cada outro. Lealdade que não se limita a não enganar o professor ou o companheiro: lealdade activa, que nos leva, por exemplo, a contar abertamente os nossos pontos fracos ou a rir só quando temos vontade (e então rir mesmo, porque não é lealdade deixar então de rir) ou a não ajudar falsamente o companheiro.
«Não sou, junto de vós, mais do que um camarada um bocadinho mais velho. Sei coisas que vocês não sabem, do mesmo modo que vocês sabem coisas que eu não sei ou já esqueci. Estou aqui para ensinar umas e aprender outras. Ensinar, não : falar delas. Aqui e no pátio e na rua e no vapor e no comboio e no jardim e onde quer que nos encontremos».
Não acabei sem lhes fazer notar que «a aula é nossa». Que a todos cabe o direito de falar, desde que fale um de cada vez e não corte a palavra ao que está com ela. “
In “ diário – Sebastião da Gama”

6 comentários:

São Miguel disse...

Amigo
Coragem e ânimo. Estou contigo.
Sei que és capaz de fazer coisas bonitas onde quer que estejas. E assim que mostramos o que valemos.
O bom trabalhador trabalha sempre independentemente da ferramenta e do local de trabalho.
Conta comigo.
Um abraço cheio de fraternidade sacerdotal.

Anônimo disse...
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Anônimo disse...

VIVA!VIVA!VIVA!
Agradeço por ter voltado.
Denoto algum desânimo nas suas palavras. Certamente que o Pastor da diocese esqueceu esta "ovelha" do rebanho perdida na Serra.
De facto, é caso para dizer: Uns são filhos e outros são enteados.
Se me permite, vou deixar-lhe também aqui estas suas palavras de conforto com que me brindou num post anterior ..." a certeza só pode ser uma...seguir J.C com dificuldades, as dificuldades do caminho, as dificuldades das pessoas, há-de dar-nos maior alegria, porque Cristo não prometeu facilidades apenas ajuda para as enfrentarmos..."

MFN

Nuno Pinheiro disse...

Se o problema é grave ou não, não sei. Tenho a certeza que o consegue resolver, da melhor maneira possível.
Sei também que, quando deixar essas Paróquias, o sentimento que vai ficar, será igual ao que ficou do lado de cá.
Relativamente ao seu superior hierárquico, não tenho palavras.
Apenas sei, novamente, que a sua preocupação sempre foi e serão os seus paroquianos, caminhar ao lado deles. Partilhar as suas alegrias e tristezas. Ensinar e aprender, como fez, do lado de cá.

Acredite, que a honra foi nossa.

Mantenha esta linha aberta.

Obrigado.
Nuno Pinheiro

Anônimo disse...

É sempre uma honra falar com o nosso bom e velho amigo.
Força e coragem sei que tem muita, nunca mostre desânimo.
Para sermos superiores ao nosso inimigo"bispo" temos que pagar-lhe com uma moeda superior á dele. Mas essa moeda ele nao a pussui sabe qual é? Amizade pelo seu proximo, faternidade das pessoas antigas das suas paroquias, Saudade das pessoas mais proximas, nem a separação da serra faz mover os nossos corações.Conte com todos nós.
Nos devemos sim é ter pena destas pessoas(bispo), que tem a alma pobre e fraca.Quando ele desaparecer do mapa lhe garanto que ninguem vai sintir a falta de tal pessoa pessoas como estas sem sentimentos deviam estar no inferno.
Quando a saudade bater nós voltamos a visita-lo como foi na sua primeira missa.
Um grande abraço.
SPSGS

Anônimo disse...

Utilizei várias vezes este texto quando, no início do ano, me apresento aos alunos... "Quero que sejam felizes". Hoje sei que para fazermos os outros felizes temos tb que o ser... Se pudesse mudava de ofício mas os tempos não estão para aventuras... A injustiça é acontece entre os homens... leigos e consagrados. Que Deus nos ajude a pegar na cruz com força e determinação. Coragem!